Prometeu preso por amor ao homem, tinha seu fígado bicado pela águia. A noite seu figado crescia e no outro dia era novamente devorado pela ave.
Os deuses encarregaram os irmãos
Prometeu e Epimeteu para acabar de distribuir as qualidades e as propriedades a
todos os animais que iriam povoar a Terra. Como Prometeu reclamou de sono, o
irmão prontificou a distribuir e assentar nos animais as características que
cada um deveria possuir de acordo com condições físicas para sobreviver neste
mundo. Epimeteu deu garras afiadas aos gaviões e águias, pernas compridas para
os pássaros que as necessitava para correr dos predadores, asas para os menores
voar, cascos aos animais que precisavam de proteção, mandíbulas fortes aos
carnívoros, pelos para proteger do frio aqueles que viviam sob baixas
temperaturas e assim por diante.
Quando Prometeu acordou não havia
nada para ser dado ao homem, que era o animal do qual ele mais gostava. Só lhe
restou um punhado de cabelo para a cabeça, pequenas unhas, pequenos dentes e
mais nada.
Prometeu ficou furioso e decidiu
procurar no Olimpo alguma coisa que pudesse garantir a sobrevivência do homem
na Terra. Nos aposentos de Atená encontrou e pegou a ciência para o homem criar
e arquitetar condições melhores de vida. Na oficina de Efésio, deus da
fundição, roubou o fogo para o homem poder se aquecer, cozer os alimentos e se
proteger das ferras terríveis.
Tudo corria bem, até que um dia,
Zeus, o deus maior do Olimpo, viu na Terra uma fumaça. Descobriu o roubo de
Prometeu e o puniu severamente. Amarrado a uma rocha Prometeu tinha seu fígado arrancado
e comido pelas águias. Como era imortal, à noite quando as águias iam dormir
seu fígado se reconstituía. No outro dia tudo se repetia e não tinha fim o
martírio de Prometeu. Para punir o homem Zeus fez uma mulher, envio-a à Terra e
lhe entregou uma caixa com todos os males recomendando que não abrisse nunca aquela
caixa. Um dia Pandora não suportando a curiosidade abriu a dita caixa e soltou
todos os males no mundo, tampando rapidamente a caixa só conseguiu prender a esperança.
O estudo desse mito possibilita a compreensão
de muitas coisas da nossa cultura e do entendimento de nossa alma. O mito grego
foi por milhares de anos o conteúdo didático ensinado à juventude helênica. O conhecimento
oral dos mitos possibilitava aos gregos apreender como se deveria portar-se
diante dos inimigos, da família, dos amigos. Enfim como deveriam viver
dignamente numa sociedade.
Platão dizia que a alma poderia conhecer a verdade voltando ao mundo das Idéias.
Hoje com um distanciamento dessas
lindas histórias percebemos que foram criadas “de frente pra trás”, (expressão
minha, por não conhecer outra melhor), ou seja, depois de conhecer o homem
atual podemos construir com a imaginação lendas e crenças religiosas. Identificando
as faltas e os defeitos do homem, podemos imaginar pecados e castigos. Os mitos
são muito importantes para a psicologia, a filosofia, a história e para todo e
qualquer conhecimento humano ressaltando o erro no rigor científico de agora. Foi
o mito grego que propiciou o nascimento da filosofia, ou seja, a mãe de todas
as disciplinas. O filosofo grego carregava com ele todos os conhecimentos:
matemática, astronomia, biologia, medicina, todos. Com o surgimento das escolas
muitas disciplinas foram emancipando, ou seja, desmembrando da filosofia. É claro
que não admitem, mas o primórdio da religião judaica está fortemente entrelaçado
com os mitos gregos e romanos. Alguns chegam a ser idênticos.
Schopenhauer considerado um filosofo pessimista.
Para a filosofia “pessimista”de
Schopenhauer a caixa de Pandora prendeu o pior dos males, a esperança. Como diz
o ditado popular: a esperança é a última que morre. Quando queremos uma coisa,
sonhamos que uma hora poderemos consegui-la, mas às vezes poderemos lutar a
vida toda por esse sonho e morrer sem alcança-lo. Schopenhauer considera que
quanto mais queremos na vida mais viveremos frustrados. A dica é: não ter
muitos desejos para não encontrar muitas frustrações nessa vida. Por outro lado
com poucas realizações passaremos desconsiderados e despercebidos por esse
mundo. Triste viver, será que fomos amaldiçoados pelos deuses.
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