domingo, 14 de setembro de 2014

HISTÓRIAS DO PRATA: MEU PAI: JOÃO DO NEÓRCIO.

Meu pai, João do Neorcio (Neorcio, nome do meu avô) foi pra mim, meus irmãos e todos os que o conheceram uma figura muito especial. Todos nós o respeitávamos, mas achávamos muita graça dele e até hoje rimos muito quando lembramos o que ele dizia. Meu pai foi um homem muito humilde e honesto. Podemos dizer um ser com três Hs: homem, humilde e honesto. Com a morte da minha madrasta, a Lurdinha, uma morte muito triste, morreu queimada com a explosão de um botijão de gás. Meu pai morava sozinho em sua casa construída a poucos metros do pé da serra. Ali ele vivia cuidando dos seus bichos, domésticos e até bichos selvagens iam comer em suas mãos. Na sua juventude ele foi muito aventureiro, muitos se lembram de suas peripécias. Mas, isso é outros quinhentos, histórias que vamos relatar em outra oportunidade. Meu pai dava muito valor ao seu nome, João. É também o meu nome, João Donizeti. Uma vez chegou à beira da cerca de seu quintal um cavaleiro que disse assim: Seu Zé o senhor me dá umas laranjas. Meu pai, imediatamente disse: “não tenho lajanja para dar para ninguém não”. Kkk só porque o homem trocou o seu nome. A gente morria de rir. Ele gostava muito de assistir novelas na TV. Quando a gente chegava perto da casa, o ouvíamos discutindo com os personagens da novela: “eu falei que esse cara não prestaaava”. Quando acontecia algum acidente ou um acontecimento imprevisto, ele dizia: “eu falei, eu venho dizendo a muito tempo, mas ninguém me ouve”. Como aquela música do Raul que diz: “eu nasci a dez mil anos atrás. Hei Jesus Cristo o melhor que você faz é deixar o pai de lado, foge para morrer em paz... Depois do acontecido é fácil fazer prognósticos, não é mesmo? Kkk...

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

HISTÓRIAS DO PRATA: DOQUINHO.

Sou bacharel em história, trabalho com história oral e entendo o quanto a nossa memória é falha e muitas vezes mistura os fatos. Por isso, se o que digo não corresponde somente à verdade, me corrijam ou acrescente algo à nossa história. O Doquinho figura folclórica de nossa cidade morava na casa de sua irmã, Dona Dolores. Trazia uma altivez e a aparência alegre que agradava as crianças. Sempre de paletó, chapéu e com uma bengala que às vezes equilibrava nos lábios superiores para chamava a atenção dos presentes. Gostava de ficar transitando pelo antigo posto do Waltrudes, ou de cócoras em frente a Caixa-Econômica. Recebia muitos donativos, moedas ou notas que colocava nas duas capangas que trazia dependuradas no pescoço. Nunca gastava nada, as notas iam embolorando juntamente com guloseimas que ganhava. Sempre coletando lenhas que encontrava pelo caminho, ou seja, muitas vezes eram montes de algum morador.Seu maior martírio:
“tomar banho”.
. Às vezes precisava de quatro homens para ajudar no banho. Há, ia me esquecendo, ele gostava de ficar sentadinho (ele era pequenino) numa mesa ao fundo do meu bar, antigo Bar Brasa em frente à antiga Caixa-Econômica. Eu sempre o alimentava, mas ele fazia uma bagunça danada, derrubando pelo chão restos de comida que ele tentava colocar nas capangas. Nessa hora para ele ir embora eu lhe dizia: vou te dar um banho, você está muito sujo.
Imediatamente ele se levantava e ia embora me xingando e esbravejando. Tivemos muitas outras figuras pitorescas no Prata como o Doquinho. Muitas saudade delas....

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

HISTÓRIAS DO PRATA: TIÉ E LAGARTIXA.

Eu abri ao lado do meu prédio uma porta, onde funcionava um boteco. Tinha ali, vários fregueses fiéis, um deles era o Tié encanador. Numa tarde foram chegando os fregueses, primeiro o falecido Ivam boracheiro, depois o Lucionei da patrola que trazia uma pequena lagartixa de plástico. O recinto era muito pequeno e todos gostavam de ficar em pé ao lado do balcão.Logo chegou o Tié e pediu uma cristal. Abri a garrafa e despejei a cerveja em seu copo. Depois que ele deu alguns goles, vi o momento em que o Lucionei depositou a lagartixa em seu copo.Ele me acenou para não contar e saiu em uma porta lateral para o quintal rindo juntamente com o sr.Ivam, que não podia se aguentar de tanto rir.Ficamos ali dentro do bar eu, o Tié e um outro freguês que trouxe um tiragosto de carne.O rapaz que a pouco chegara e não percebendo nada de anormal, oferecia ao Tié pedaços de carne. Cada mordida na carne era um gole da cerveja. Mas, a lagatixa ia até perto dos lábios do Tié e voltava quando ele depositava o copo no balcão.Isso ocorreu por diversas vezes até que num gole maior a lagatixa entrou em sua bôca. Ele cuspiu a lagartixa sobre o balcão. Peguei o réptil, joguei-o no lixo e disse olhando para cima:
deve ter caído desse telhado desforrado.
Ele cuspia e gritava esse bicho tem cobreiro e pode me matar. Tentei acalmá-lo dizendo que era apenas uma lagartixa. Ele continuava cuspindo, dizendo que sua tia havia morrido de cobreiro de lagartixa e que eu era o culpado por não cuidar da higiêne do bar.Saiu do bar sem pagar a conta, esbravejando e me xingando.Mandei o Ivam e Lucionei atráz dele para acalá-lo. Ele estava em sua casa, mas já havia chamado a ambulância para socorrê-lo.Estava com a garganta arranhando e com vômitos. Só depois de muita conversa e de mostrarem a lagartixa de plástico foi que ele alcalmou. kkk

HISTÓRIAS do PRATA: CASA do JULIANO.

A 1°foto: Assistindo a copa na casa do Eduardo. 2°foto:
Mas fizemos um grande bolão foi na casa do juliano, marido da minha filha Larissa. O bolão estava acumulado ja fazia três jogos porque ninguem apostava poucos gols para o Brasil e a quantia ia só aumentando. Naquele jogo todos queriam ganhar o bolão, por isso teve até dois apostadores que jogaram a fafor da Alemanha. Mas, apenas um magro 1 x 0 para a Alemanha.Quando começou o jogo e logo levamos um gol fui ao banheiro, quando voltei já tomavamos de 3. Aí foi só bola que entrava no Gol do Brasil. Galvão Bueno dizia:
Alá, outro gol, assim num dá?
No final estavam todos com cara de quem comeu e não gostou, até eu. kkk

HISTÓRIAS DO PRATA: DONINHO e o FRANGO.

Naquela época eu tinha um mercado. Uma senhora chegou-se para mim e disse:
"Seu Doninho, o senhor tem frango?"
Respondi:
Tenho sim!
Abrindo o freezer constatei que havia um único e miudo frango. Peguei o franguinho e disse:
Olhe este.
"O senhor não tem outro maior?"
Num insight, tive uma ideia brilhante, joguei-o novamente dentro do freezer, com a mão dei uma mexida, retirei-o novamente e disse:
Este parece maior.
Ela simplesmente me disse:
"Vou ficar com os dois."
KKK, Vaai Doninho...

HISTÓRIAS DO PRATA: MANÉ MORAIS.

Meu avô Neorcio Teodoro me contou que havia um fazendeiro muito rico no município do Prata chamado Mané Morais, sua mulher chamava-se Dona Ismélia. Eles eram muito ricos mas não tiveram filhos. Mané Morais comprou um fordinho 29, mas não aprendeu a engatar todas as marchas do carro, apenas a primeira e a segunda. Para sair da garagem ele mandou fazer um vão na parede do fundo onde ele saia e dava uma volta no meio do mandiocal retornando pela garagem e saindo com o carro de frente.Quando vinha ao Prata com D. Ismélia ele apertava o pé no acelerador para fazer o carro pegar velocidade. Com a marcha reduzida o carro saltava com mais facilidade e pulava pela estrada.Naquela época as estradas eram cheias de buracos porque eram feitas com o enxadão.O carro urrava e pulava. Dona Ismélia rechamava:
"você está correndo muuitoo"
e o Mané Morais retrucava:
"você sabe que eu sou doido porque você anda comigo".
kkk, com quem ela haveria da andar,se não com o seu marido, uai.

domingo, 31 de agosto de 2014

SER E NADA

Os primeiros filósofos chamados de pré-socráticos tentavam priorizar os elementos da natureza. Heráclito afirmava que o fogo por acender e apagar era o melhor para definir o ser. Ele dizia que não podemos emergir duas vezes no mesmo rio, porque as águas não são as mesmas e nem nós seremos os mesmos. O ser está em constante transformação, não pode “ser”, é um eterno “devir” (um mutante). Platão para resolver o “devir” criou o mundo das ideias, um mundo onde existe uma verdade absoluta, seres verdadeiros, objetos imutáveis, o Belo, a Justiça, o Bom. O nosso mundo é uma cópia do mundo das ideias, como uma Xerox do mundo inteligível. Por ser cópia e percebido pelos sentidos, muitas vezes aparece distorcido e apagado. O mundo em que vivemos para Platão é cheio de erros, ou seja, não é verdadeiramente bom para se viver. Para Sartre o ser é o que é, mas o ser humano é o ente para si, é um espaço aberto, um nada. O nosso corpo é ser em si, a consciência é um vazio que possibilita a mudança do ser e possibilidade de escolhas. A consciência (para-si) constata que a consciência posicional não pode ser consciência posicional de si mesma. A consciência interroga a si mesma numa atitude de reflexão (voltar-se para si mesmo). A consciência ao colocar-se como objeto, nadifica seu ser. A consciência é cheia de nada e nesse sentido como aquilo que é o que não é, e não é o que é, a consciência humana é nada. A consciência é posicional e define-se pela intencionalidade. A intencionalidade traz o fato de o mundo estar fora da consciência, ou que ela é sempre falta. Portanto, a presença da consciência diante de si instaura a distância de si com relação a si mesma, distância esta, definida como nada de ser. Para Nietzsche o niilismo (nada) é o falso valor imposto à sociedade. Assim, aprendemos buscar uma verdade absoluta, uma justiça total, para reprimir os nossos instintos naturais. Esse estado que castra os nossos impulsos e desejos angustia o nosso ser. A moral imposta pelo Estado aflige as pessoas e tenta justificar a nossa complexa existência por algo inatingível. Essa desvalorização dos instintos e da vida concreta tenta criar um Bom, uma Verdade e um Justo que acaba por afasta o homem de sua própria natureza. E a religião vem corroborar com a ideia dizendo que existe um mundo eterno. E por esse diapasão a vida real, terrena, é levada ao nada. Esses filósofos trazem o nada para a consciência, ou um problema maior ainda, a consciência é o próprio nada. Heráclito mostra que o ser é uma constante transformação, não é. Platão aceita este fato, mas cria um mundo onde o ser é: o mundo das Ideias. As religiões apropriam dessa ideia para criar o céu, o lugar onde se encontra Deus. DONINHO. 31/08/2014

terça-feira, 19 de agosto de 2014

EM SOCORRO AOS PROFESSORES.

Há muito tempo que a educação não é prioridade para os governantes no Brasil. Em consequência desse descaso e como os resultados não são satisfatórios, os professores são apresentados como os principais responsáveis por essa catástrofe. Toda a sociedade sabe que as avaliações na escola são manipuladas e que os alunos sempre avançam para as séries subsequentes. Por classificação, reclassificação e até mesmo por “espontânea pressão.” Entristece-me muito perceber que esta culpa é aceita por professores e professoras, que sentem os maus resultados da educação, na própria pele, ou seja, como se eles não estivessem aptos para ensinar. A pedagogia de modo sorrateiro cria projetos e artifícios para fazer andar a escola. Inventam e reinventam estratégias mirabolantes para parecer que o aprendizado está acontecendo. Muitos professores estão sendo acometidos por vários tipos de doenças em consequência de um falso ressentimento, pela incapacidade de ensinar quem não faz a menor questão de aprender. Mas aprenderam cedo, que a escola é lugar de diversão, farra e depredação. Menos de educação ou seria tapeação.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

AS TRÊS CLASSES SOCAIS

Karl Marx nomeou duas classes sociais no sistema capitalista: a burguesia que detém os meios de produção e que compra o trabalho do proletariado; do outro lado, a outra classe que tem interesses antagônicos à primeira classe: os trabalhadores, aqueles que não tem nada para produzir capital e são obrigados a venderem a sua força de trabalho aos burgueses. Para ele essas duas classes eram o motor da história. Com as crises do capitalismo e com a sua reelaboração ele vai se transformando. Com a produção da mais-valia e com a especulação capitalista, o dinheiro vai se acumulando. A ambição e as especulações imobiliárias provocam superprodução e financiamentos além da capacidade comercial do capitalismo em áreas específicas. Isso provoca crises no capital mundial uma vez que o sistema é globalizado. Mas, até hoje todas as crises foram vencidas a pena de modificações estruturais no próprio sistema. Uma das modificações foi aumentar alguns salários para trazer a ilusão de que todo trabalhador tem oportunidade de melhorar o seu salário e assim serem mais conformados com a exploração no trabalho. As reelaborações e a melhoria da tecnologia que produz mais com cada vez menos operadores cria uma classe entre os donos dos meios de produção e os trabalhadores que produzem a mais-valia. Essa classe é composta por aqueles que tem salários elevados, chefes e gerentes para fazer um trabalho ideológico com o trabalhador; com os trabalhadores autônomos, que produzem e comercializam geralmente com a ajuda de familiares, ou com um ou dois para ajudar como se da família fossem. Outros ainda são contrabandistas, agiotas, muambeiros, traficantes. Todos esses formam uma terceira classe intermediária: a classe Média. Essa classe mediana, palavra que da qual deriva “mídia” e ”medíocre”, é a responsável pela ideologia do capitalismo. As pessoas que compõem essa classe fazem a propaganda do sistema capitalista.