sábado, 12 de janeiro de 2019

DO PRATA OU de PRATA?


  PRATA, O NOME DA NOSSA CIDADE.

       A cidade do Prata está situada numa região que foi uma das mais inóspitas do nosso país. Para atravessar o Triângulo Mineiro era preciso passar por índios equestres como os Guaicurus, guerreiros que atacavam os bandeirantes que atreviam a atravessar esse sertão. Eles possuíam de 6.000 a 8.000 cavalos e eram aliados dos Paiaguás, exímios navegadores que escondiam dos tiros das armas de fogo, debaixo de suas canoas viradas, onde respiravam o ar que ficava preso dentro da canoa. Os Caiapós eram os mais numerosos hostis, canibais e violentos, atacavam aos gritos, passar por eles era uma terrível aventura, muitos eram mortos e devorados. Para atravessar o Sertão da Farinha Podre também era preciso enfrentar o Quilombo do Ambrósio, escravos que aqui viviam, fugidos das senzalas, saqueavam as caravanas em transito por essas bandas. 
       Como ainda não havia GPS, alguma coisa que demarcasse o lugar era de suma importância para os caminheiros. Uma bandeira que passou por essas bandas deixou uma grande quantidade de mantimentos para que na volta eles pudessem se alimentar. Como eles não retornaram, certamente foram mortos por alguns desses guerreiros do sertão. O alimento pendurado em arvores ficaram por muitos e muitos anos apodrecidos exalando um forte odor. Esse fato delimitou o lugar dando o singelo nome de Sertão da Farinha Podre.
        O Quilombo do Ambrósio foi destruído pelo o bandeirante Anhanguera, Bartolomeu Bueno que participou com apenas 12 anos da bandeira com seu pai, o Anhanguera que encontrou ouro em Goiás quando ele colocou fogo numa vasilha com água ardente e ameaçou por fogo na água dos índios Gayanás. Os índios apavorados mostraram a mina e o apelidou de  alma velha(Anhanguera). Os índios Bororos aliados dos bandeirantes construíam aldeias ao longo da estrada Anhanguera para proteger os garimpeiros que iam para as minas de Goiás. Formaram-se assim os primeiros núcleos de povoamento do “Sertão da Farinha Podre”. Antes dos Bororos muitos burros foram encontrados com os seus lombos cheios de sacos recheados de ouro pastando e por perto seu dono morto pela fome.
        Com o fim do ciclo do ouro e a necessidade de terras novas para a criação de gado, muitos fazendeiros vieram para o Sertão da Farinha Podre, que pelo encontro do Rio Paranaíba e Rio Grande, passou a se chamar Triangulo. Dona Beija morador de Araxá seduziu o Procurador do Rei para que o Triangulo voltasse a pertencer Minas Gerais. A procura de terras férteis trouxe o avô do avô do meu avô, Antônio Joaquim de Andrade que aqui construiu a primeira Câmara em 1870. E em 1873, o presidente da Província de Minas Geris, Venâncio José de Oliveira Lisboa, sancionou a lei n° 2002, de 15 de novembro, que elevou a vila do Prata à categoria de cidade do Prata.
       O primeiro nome da vila era Vila do Carmo dos Morrinhos(1848), mas como a cidade é banhada pelo rio denominado de Rio da Prata, que tem esse nome por conta de uma mitologia grega. Um lenhador deixou seu machado cair no leito do rio, entrou na água para procurar o machado, mas encontrou um de prata, o seu companheiro imediatamente jogou o seu dentro do rio, não encontrou nenhum machado. Essa lenda deu o nome ao rio de Rio da Prata. A Mitologia era usada como educação para as pessoas, o ensinamento é que não devemos ser mentirosos e oportunistas porque não agradamos a natureza, mas poderemos ser recompensados se formos honestos e verdadeiros. A cidade tomou o nome do Rio emprestado e em 1854 passou a ser chamada por vila do Prata. E em 1873, cidade do Prata.
        Há uma confusão muito grande com o nome da nossa cidade. Muitas pessoas que vêm de fora não sabem o certo se ´”de Prata” ou “do Prata”. Essa confusão aconteceu com um pároco que me confidenciou que ficava indeciso durante a pregação, qual deveria ser a forma correta?
As pessoas mais antigas sabem corretamente formular frases como: “sou do Prata e sou molhado”. As pessoas que não sabem da verdadeira origem do nome da nossa cidade fazem confusão dizendo: “cidade ‘de’ Prata”. Nunca por aqui encontramos prata, não temos casas prateadas nem tiramos o segundo lugar, com medalha de prata.
          A língua portuguesa admite na sintaxe a elipse, ou seja, a omissão de termos na oração, podemos dizer: chegamos cedo hoje. Chamamos figuras de linguagem. Temos também a Zeugma que é uma forma de Elipse: Kátia gosta de picolé eu de sorvete. Assim na língua portuguesa temos, metáfora (exagero) “estou morto de fome”, a metonímia (troca de nome) “vamos tomar um porto”, a elipse (a omissão de uma palavra ou expressão), subentendidas na frase. Por exemplo: na queda nenhum arranhão. O nome da nossa cidade é: “cidade do Rio da Prata”. Tiramos (Rio da) fica: “cidade do Prata. No sul temos a Bacia do Prata. Aqui em Minas Gerais também temos a cidade de São Domingos “DO” Prata. O antigo nome da Argentina era República do Prata: Republica Del Plata. O correto com a nossa história é DO Prata.



Obs. (Línguas latinas: italiano, francês. Romeno, espanhol e português)

Em defesa do papa Francisco