segunda-feira, 13 de junho de 2016

O GOLPE NA DEMOCRACIA BRASILEIRA





        A ideia de golpe para derrubar a presidenta Dilma surge com as manifestações do passe livre. Arnaldo Jabor critica inadvertidamente e peremptoriamente um movimento apoiado pela Globo, em 13/06/2013, os manifestos do “Movimento Passe Livre” que ele disse ser de classe média, que não eram usuários de ônibus, que estavam baseados na ideologia socialista e que “tinha a cara de anarquismo inútil”. No dia seguinte no Jornal da Globo, em 14/06/2013, pouco mais de vinte horas, ele pede desculpas e diz que o movimento era legítimo, que era: “uma força política original, até mais rica do que os cara pintadas”, referindo ao movimento de rua que contribuiu para derrubar o governo Collor. Certamente ele foi repreendido pela emissora que participa da divulgação dessa e de outras organizações financiadas pelos norte-americanos para desestabilizar o governo Dilma. As manifestações aconteceram depois que Joe Biden, vice de Barack Obama, veio ao Brasil e discutiu com Dilma problemas energéticos e sobre o Pré-sal chegando a visitar uma unidade da Petrobrás no Rio de Janeiro. Os Estados Unidos não estão satisfeitos desde que Lula criou o Regime de Partilha para beneficiar o povo brasileiro, principalmente com recursos direcionados para a educação. Assim, não só grampearam a Dilma, mas também a Petrobrás.



        As manifestações que eram para atingir o governo Alckmin, acertam e derrubam a  aprovação do governo Dilma de 70% para 30% de popularidade, em poucos dias. Aparece na internet e mais precisamente nas redes sociais um ódio fomentado por imagens e frases de efeito. As mobilizações desde 2013 passaram a ter uma parceria com um instrumento novo nas redes, principalmente o Watsapp, as comunicações passam a ser corroboradas com imagens sugestivas e afirmações falsas, mas que acabam sendo tidas como verdadeiras por falta de apuração. Os xingamentos e criações pejorativas preparam um ambiente para o aparecimento de um ódio virtual que se propaga em velocidades inimagináveis. Os internautas se informam pictoricamente e com frases curtas, que geralmente deixam sugerir algo pior. Frente ao monitor o internauta sente-se poderoso e protegido. Comunicam-se de maneira conspirativa e agressiva o seu lado demoníaco e anti-petista. Rir e caçoar dos mais fracos, das minorias sexuais e raciais, descarregando sobre estes uma raiva e um ódio canalizado. O entusiasmo revoltoso parece ter nascido do julgamento do chamado Mensalão onde a TV Senado transmitiu 53 sessões e a condenação de 25 pessoas e políticos ligados ao PT. Ali nasce a ideia de ligar o PT com os irmãos metralhas do Gibi, com a expressão Petralha.  Joaquim Barbosa, relator do processo, embebesse com o brilho e a popularidade que a TV fornece aos apresentadores de programas midiáticos com auditórios, como se fosse um apresentador como o Ratinho ou o Faustão. Isso acaba por fornecer combustível para a gritaria contra o PT e alimentar o discurso de ódio: “vai para Cuba seu petralha”, “vai para Venezuela seu bolivariano”.
        Apesar de toda manifestação contra a candidata do PT, nas eleições de 2014, Dilma ainda consegue ser reeleita, por uma pequena margem de votos, ou seja, 5%. Terminada a apuração e constatada a possibilidade do candidato do PSDB, Aécio Neves ter sido eleito, bateu o desespero nos partidários e simpatizantes. Perdeu porque os nordestinos são “burros”, os pobres não querem trabalhar e nem perder a “Bolsa Família”. O PSDB entra com representação no STF contra a segurança das urnas, contra a contagem dos votos e contra o julgamento das contas da presidenta.  

        Lembrando um político que derrubou vários presidentes, Carlos Lacerda dizia contra Juscelino Kubitschek: “se ele for candidato não ganha, se for eleito não toma posse, se tomar posse não governa”. O PSDB parte decididamente para atrapalhar o governo da presidenta. O Congresso não aprova nada que vir do Planalto, a imprensa cuida para que a culpa de qualquer mazela seja atribuída a Dilma. Eduardo Cunha presidente da Câmara Federal, acusado de corrupção faz chantagem contra a presidenta, ameaçando aceitar uma representação de impeachment, se os deputados do PT não votarem a seu favor no Conselho de Ética da Câmara. Como Dilma não curva à chantagem de Cunha, ele aceita a representação do impeachment na Câmara. E Dilma acaba por ser afastada das funções da presidência da República.