quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

HISTÓRIAS DO PRATA: TERRA DE ARTISTAS


                                                  TERRA DE ARTISTAS

Escola da D. Bilía mãe do prof. José Carmo

Quando criança, estudei apenas um ano no Prata. Estudei em Uberaba, Ituiutaba e Belo Horizonte. Tinha oito ou nove anos de idade quando fui matriculado no segundo ano na Escola da Dona Bilía.

As crianças naquela época eram criadas soltas, os meninos principalmente viviam pelas ruas e córregos que beiravam a cidade. As brincadeiras eram diversas, mas uma característica da minha querida cidade do Prata era a inclinação para as artes. Desde festivais musicais, danças, show circense, até apresentações teatrais improvisadas.

Acima da Escola, ao lado do Correio ficava a casa do Rafael da Chana. Ali havia uma frondosa mangueira, onde a criançada construiu trapézios de circo para apresentar peripécias e sua arte circense. Assistíamos sentados nas cadeiras de Dona Chana a apresentação que terminava com os nossos aplausos.

Ao fundo da Escola, um comprido terreno se encontrava com várias casas. Em uma dessas residências, alguns jovens costumavam representar supostas peças de teatro. O que me marcou foi uma apresentação que me deveria ter sido censurada. Mas, como naquela época não se dava muita importância a formação do menor de idade, assisti com os olhos bem arregalados de interesse. Nós todos empoleirados sobre os muros assistíamos a um médico atendendo seus pacientes. O consultório improvisado contava com uma mesa e duas cadeiras. O doutor era um rapaz magro e alto que recebia um após o outro seus “doentes” que
depois de uma breve consulta, despedia com uma receita. Penso hoje que deveria ser uma peça cômica porque todos nós riamos a não poder mais embora eu não compreendesse a graça. A última consulta foi dada a um moço que se queixava ao doutor de algo que o incomodava. Quando ele abaixou as calças, a plateia se manifestou eufórica, enquanto o doutor examinava aquela ereção priapistica, nós morríamos de rir. O doutor passou uma pomada, mandou que ele se sentasse, abaixou as calças e simplesmente sentou no seu colo. Não recordo do final nem me lembro se assiste a outras apresentações. Como disse sempre estudei fora não tenho nem certeza quais eram os atores daquela peça pornográfica.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A POLÍTICA, COMO ELA É! E OU, COMO ELA DEVERIA SER


            
Os conchavos dos políticos

           POLÍTICA

Aristóteles dizia que o homem é um animal político. A cidade grega era chamada de Polis, ou seja, o local de se fazer política. Os professores eram conhecidos como sofistas aqueles que ensinavam a arte do convencimento. Na democracia é preciso convencer as suas ideias ou aquilo que te interessa, em última instância é o voto que decide, então é preciso convencer o eleitor.

A pobreza, a fome dão votos aos políticos
Como animais políticos, nós trazemos no nosso âmago a política. Em família disputamos situações utilizando da política para ganharmos e convencer os demais. E assim, também na escola, no trabalho, em qualquer lugar que haja relações sociais. Platão acredita que o mais sábio devia governar os demais, já Aristóteles pensa que o governante deva ser o melhor, o que para ele é o que tenha mais temperança, mais equilíbrio segundo as necessidades da ocasião.
Muitas vezes as pessoas se desanimam com os maus políticos e quer trocá-los por outros, que não sejam políticos. A história nos mostra que todas as vezes que isso foi feito não teve um bom resultado. As religiões, por exemplo, todas as vezes que tomaram o governo levaram as nações para situações caóticas de extermínio e barbárie. A Igreja Católica na Idade Média com a Santa Inquisição.
Os Estados Islâmicos no Oriente médio. No Brasil cresce a Bancada da Religião no Congresso, isso a primeira vista, dá ao povo a impressão de serem socorridos pelas leis de Deus. O padre Marcelo Rossi chamou a atenção outro dia: “lugar de religioso é na Igreja”.
Políticos como Donald Trump se apresentam “como não sendo políticos”, o que é uma forma de convencimento político. Bem, primeiro temos que entender que política como dissemos anteriormente, é a arte do convencimento. Nicolau Maquiavel, afirmava que o bom político trás dentro de si a raposa para descobrir as armadilhas do caminho e o leão para espantar os lobos que querem a raposa. A arte do político é mediar conflitos, permitir acordos e a partilha de valores comuns.
Os políticos e o povo estão muito próximos, políticos corruptos saem do meio de povos corruptos. Há uma frase que diz: “cada povo tem o governo que merece”. O que percebemos é que os maus políticos querem o povo desinformado, mal formado, pobre e carente de todas as necessidades, para que assim eles possam melhor controlá-los e ludibriá-los. Quem tem transito livre entre as classes sociais é só o “político”, que é recebido pelos trabalhadores e pelos patrões, pelos religiosos e pelos ateus, e assim por diante. Como disse Maquiavel um príncipe sábio (bom político), sabe que se os cidadãos sempre precisarem dele, ser-lhe-ão sempre fiéis.
Para terminar repetiremos o que disse Dewey: a meta da vida não é a perfeição, mas o eterno processo de aperfeiçoamento... Não precisamos de “escola sem partido”, ao contrário precisamos saber tudo, mesmo que seja uma utopia. Ignorância não é bem-aventurança, é inconsciência e escravidão; só a inteligência pode nos fazer participantes da formação de nossos destinos. Talvez esteja aqui a chave para a escolha dos políticos certos, que nos possibilitem viver com plenitude e dignidade.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O VERDADEIRO PROFISSIONAL

         
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Para Platão existe uma verdade fora do mundo sensível, Aristóteles quer construir nesse mundo uma verdade.

Quando ingressamos no aprendizado de um determinado curso, além da parte teórica é preciso que a essência deste conhecimento também seja assimilada. Na Grécia antiga todo conhecimento estava na filosofia, que com o tempo foi dividindo-se em conhecimentos específicos de cada profissão, vamos dizer assim. Desta maneira, do conhecimento filosófico, nasceram todos os outros a história, a medicina, a matemática e assim por diante. Portanto, aqui, quando Platão diz filosofia ele está se referindo a todos os conhecimentos específicos. Na sua obra A República, Cap. VII: “Alegoria da Caverna”, o filosofo chama a atenção, para o fato de não ser possível ser “filosofo”, sem um longo processo de familiarização com uma realidade que ultrapassa a esfera do mundo sensível. A vida de quem conhece é norteada pelas exigências da alma. O filósofo, ou o profissional, portanto, não é simplesmente um teórico: ele deve mudar seu modo de viver, para seguir o Bem.

          Platão considera que a Verdade, o Bem, o Bom, o Belo, estão no mundo das Ideias. Ter um conhecimento é relembrar de um saber que a nossa alma possui, ou seja, antes de vir para o mundo sensível, ela convivia com esta verdade, com esse conhecimento, que hoje pode dar na disciplina de uma determinada profissão. Um bom profissional não se pode ater somente à teoria de um saber ou conhecimento de uma profissão.

          Um advogado, por exemplo, pode ter na memória todas as leis, mas, para ser um ótimo profissional não basta. É preciso que este profissional se confunda com a função de combater a injustiça. O verdadeiro profissional deve ter na alma a cor de sua profissão. Um professor deve se confundir com a essência do ensino, sua postura deve ser percebida como a de um verdadeiro educador, ou seja, de alguém que se porte de maneira exemplar e mesmo antes de falar as pessoas já sabem que se trata de um professor.

          Aristóteles afirma que devemos procurar a excelência, devemos amar com a Filia, que é a busca da perfeição pelo hábito de fazer sempre o melhor. Conhecemos professores da área de humanas, que se parece com professores de humanas. Um professor das disciplinas desta área percebe que a história da humanidade, é a história da exploração de uns homens sobre outros. Esta constatação, quando sentida na alma, incomoda estes professores que passam a apoiar a revolução, ou seja, a libertação dos explorados.

          Um médico, deve se parecer com um “médico”, não pela cor da suas vestimentas, mas pela sua postura de alguém preocupado com a saúde. Mesmo com roupas coloridas a cor de sua alma deve se apresentar “branca”. Os políticos, hoje tão desacreditados, devem buscar a excelência, fazer o melhor para amenizar as desigualdades sociais e as relações conflitantes entre as pessoas. Se assim for feito, e cada um cumprir com dedicação e amor sua profissão ou missão, vamos construir um mundo muito melhor para se viver.