sexta-feira, 5 de setembro de 2014

HISTÓRIAS DO PRATA: DOQUINHO.

Sou bacharel em história, trabalho com história oral e entendo o quanto a nossa memória é falha e muitas vezes mistura os fatos. Por isso, se o que digo não corresponde somente à verdade, me corrijam ou acrescente algo à nossa história. O Doquinho figura folclórica de nossa cidade morava na casa de sua irmã, Dona Dolores. Trazia uma altivez e a aparência alegre que agradava as crianças. Sempre de paletó, chapéu e com uma bengala que às vezes equilibrava nos lábios superiores para chamava a atenção dos presentes. Gostava de ficar transitando pelo antigo posto do Waltrudes, ou de cócoras em frente a Caixa-Econômica. Recebia muitos donativos, moedas ou notas que colocava nas duas capangas que trazia dependuradas no pescoço. Nunca gastava nada, as notas iam embolorando juntamente com guloseimas que ganhava. Sempre coletando lenhas que encontrava pelo caminho, ou seja, muitas vezes eram montes de algum morador.Seu maior martírio:
“tomar banho”.
. Às vezes precisava de quatro homens para ajudar no banho. Há, ia me esquecendo, ele gostava de ficar sentadinho (ele era pequenino) numa mesa ao fundo do meu bar, antigo Bar Brasa em frente à antiga Caixa-Econômica. Eu sempre o alimentava, mas ele fazia uma bagunça danada, derrubando pelo chão restos de comida que ele tentava colocar nas capangas. Nessa hora para ele ir embora eu lhe dizia: vou te dar um banho, você está muito sujo.
Imediatamente ele se levantava e ia embora me xingando e esbravejando. Tivemos muitas outras figuras pitorescas no Prata como o Doquinho. Muitas saudade delas....

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