Esta é a sede da fazenda Mutuca
construída em 1938, pelo meu avô Neorcio Teodoro de Assunção, hoje propriedade
da minha irmã Maria Batista Rodrigues Teodoro. A sede da fazenda fica pros lados do
Cachoeiro, a ponte sobre as pedras no rio da Prata naquele local foi ideia do
meu bisavô Alfredo Teodoro dos Reis para chegar á Caçada Feia. [1]
Em 1957, com menos de dois anos
de idade meu pai João Teodoro de Rezende me entregou aos cuidados da minha avó
paterna Maria Batista de Rezende, onde vivi até 1990 nesta fazenda.
Naquele tempo, as pessoas, não sei se
por tradição indígena, traziam o costume de criar em casa animais selvagens.
Minha querida avó além dos animais domésticos arranjou uma onça jaguatirica, o
animal ficava engaiolado próximo à porta da cozinha. O felino além da
alimentação que lhe forneciam aprendeu a pescar com as garras os franguinhos
que vinham a beira da gaiola para catar migalhas da alimentação que lhe sobrava.
Desgostosa como prejuízo, minha avó
resolveu trocar o animal predador por um alegre macaquinho que mais nos
assemelhava. O esperto animalzinho ficava solto e usufruía de todas as
comodidades que a propriedade oferecia. Naquela época minha tia Aparecida era
pequenina. Para dar conta dos intermináveis serviços da fazenda, minha avó
contava com uma rede na garagem onde deitava a pequena criança.
Um dia minha avó atarefada nos seus
afazeres domésticos, na lavanderia labutava com a sujeira das roupas masculinas
enlameadas em consequência do árduo trabalho com a terra. Como a pequenina
Aparecida não parasse de chorar, ela foi à garagem conferir o motivo de tão
intermitente choro. Foi surpreendida ao encontrar a criança chorando no chão.
Desesperada tomou o bebê nos braços, observando a rede viu que ela balançava,
abriu as suas bordas e lá estava o peralta macaquinho, o Chico deitado de
costas se deleitando com o balançar da sua gostosa cama.
Minha avó desgostosa
com as peraltices do Chico tratou de doá-lo para uma comadre vizinha. Sua nova
dona teve que voltar diversas vezes para buscar o Chico que fugia para a
fazenda Mutuca.
[1] Penso que esse nome está relacionado às
caçadas de porcos “queixadas” que se praticava à época, meu avô contou-me que
os porcos tinham grandes presas e que era precisa abrigar em cima das arvores e
em baixo eles esperavam rangendo os dentes e espumando a boca.
Que macaquinho danado. Que casa linda.
ResponderExcluirParabéns meu amado pai, linda história contada com belas palavras...
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