sábado, 14 de janeiro de 2017

SAFADESAS DO CHICO


                                         




        Esta é a sede da fazenda Mutuca construída em 1938, pelo meu avô Neorcio Teodoro de Assunção, hoje propriedade da minha irmã Maria Batista Rodrigues Teodoro. A sede da fazenda fica pros lados do Cachoeiro, a ponte sobre as pedras no rio da Prata naquele local foi ideia do meu bisavô Alfredo Teodoro dos Reis para chegar á Caçada Feia. [1]
Em 1957, com menos de dois anos de idade meu pai João Teodoro de Rezende me entregou aos cuidados da minha avó paterna Maria Batista de Rezende, onde vivi até 1990 nesta fazenda.

        Naquele tempo, as pessoas, não sei se por tradição indígena, traziam o costume de criar em casa animais selvagens. Minha querida avó além dos animais domésticos arranjou uma onça jaguatirica, o animal ficava engaiolado próximo à porta da cozinha. O felino além da alimentação que lhe forneciam aprendeu a pescar com as garras os franguinhos que vinham a beira da gaiola para catar migalhas da alimentação que lhe sobrava.

        Desgostosa como prejuízo, minha avó resolveu trocar o animal predador por um alegre macaquinho que mais nos assemelhava. O esperto animalzinho ficava solto e usufruía de todas as comodidades que a propriedade oferecia. Naquela época minha tia Aparecida era pequenina. Para dar conta dos intermináveis serviços da fazenda, minha avó contava com uma rede na garagem onde deitava a pequena criança.

        Um dia minha avó atarefada nos seus afazeres domésticos, na lavanderia labutava com a sujeira das roupas masculinas enlameadas em consequência do árduo trabalho com a terra. Como a pequenina Aparecida não parasse de chorar, ela foi à garagem conferir o motivo de tão intermitente choro. Foi surpreendida ao encontrar a criança chorando no chão. Desesperada tomou o bebê nos braços, observando a rede viu que ela balançava, abriu as suas bordas e lá estava o peralta macaquinho, o Chico deitado de costas se deleitando com o balançar da sua gostosa cama.
Minha avó desgostosa com as peraltices do Chico tratou de doá-lo para uma comadre vizinha. Sua nova dona teve que voltar diversas vezes para buscar o Chico que fugia para a fazenda Mutuca.



[1]  Penso que esse nome está relacionado às caçadas de porcos “queixadas” que se praticava à época, meu avô contou-me que os porcos tinham grandes presas e que era precisa abrigar em cima das arvores e em baixo eles esperavam rangendo os dentes e espumando a boca.

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