domingo, 7 de junho de 2009

Para uma nova Democracia

A democracia representativa, tanto nos EUA, na Europa, como no Brasil não tem de fato correspondido à sua definição mais conhecida: governo do povo, pelo povo e para o povo. Os governantes eleitos como representantes da vontade popular, antes das eleições prometem o que o eleitor quer, mas depois de eleitos não cumprem as promessas de campanha. Existe um abismo entre a vontade popular e a política efetiva realmente praticada.
No seu livro Micro Física do Poder, Michel Foucault mostra que o poder se dissolveu na sociedade e os governantes mesmos bem intencionados não podem mudar o sistema viciado. Os Estados Unidos mesmo com o presidente Barack Hussein Obama, sua eleição considerada uma grande vitória da democracia, com certeza vai continuar sendo um país belicoso. É preciso que a estrutura do sistema seja reformulada. Os cidadãos devem ser ouvidos, de maneira mais amiúde, principalmente nos assuntos que lhes digam respeito direto.
Nessa democracia que realizamos, só temos importância, ou realmente somos cidadãos apenas no dia da eleição, depois somos esquecidos como se não existíssemos enquanto sujeitos de direitos. É preciso mais plebiscitos, é preciso ouvir as associações, seja profissionais ou sociais, como a associação de bairros por exemplo. É uma democracia representativa, mas temos que diminuir o máximo esta representatividade porque os políticos depois de eleitos passam a servir somente aos grandes grupos empresariais. Mesmo a mídia trabalha em benefício das grandes organizações, o sensacionalismo da violência tem como principal objetivo servir a interesses escusos e a indústria da segurança: carros blindados, dispositivos eletrônicos para localização de objetos furtados, seguranças, condomínios fechados, TV a cabo, Chopin centres, etc.
A cultura do medo reforça a natureza humana como perigosa. A catástrofe serve para mostrar que a vida é regida pelo acaso. Sabemos que nós somos agressivos por natureza, que é alimentada principalmente pela frustração dos nossos desejos não realizados, mas a violência não faz parte da nossa natureza. A delinqüência, ilegalidade dominada, é um agente para a ilegalidade dos grupos dominantes. O trafico de armas, o de drogas, mostram da mesma maneira esse funcionamento da “delinqüência útil”. Até juízes são empregados desse mecanismo. Ajudam a constituição da delinqüência, ou seja, a diferenciação das ilegalidades, o controle, a colonização e a utilização de algumas delas pela ilegalidade da classe dominante.
Temos de repensar a democracia no mundo contemporâneo onde vislumbramos o início da era das comunicações. O homem que pode surgir deste novo contexto deve se apresentar como sujeito e usuário consciente da informação veiculada pela mídia e capaz de fazer uso dela de forma livre, para o benefício da sociedade. Esse aceso transparente e imparcial às informações de maneira que o saber e o aprender permitam que melhoremos o trabalho, o lazer e a solidariedade. A solidariedade implica não apenas sentir o outro, mas compartilhar nossas vidas, nossos sonhos, com o outro. E daí criarmos outras formas de fazer política, fazermos uma democracia vinculada à ética. Mas, não podemos esquecer que não poderemos criar algo novo se utilizarmos a mesma lógica e o mesmo método do capitalismo.

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