segunda-feira, 8 de junho de 2009

COOPERAR E COMPETIR.

Para Darwin a competição pela comida (podemos entender toda a satisfação pessoal no caso do homem) ou pela procriação, é uma batalha pela existência que sobressai os que tiverem mais aptos, “survival of the fittest”- como Darwin o chamou mais tarde, por sugestão do filósofo Herbert Spencer- são adaptações que um ser vivo adquire com as características que já recebeu de seus antepassados no genoma. Mas, é certo também, e principalmente no caso do homem, que em vida podemos desenvolver características que nos possibilite vencer essa batalha pela sobrevivência. Para Nietzsche é a vontade de potência, fonte criativa da vida ou poder criador abastecido de expectativas, de contrastes, vivendo para além da moral e das vontades canônicas, o homem no seu fulgor biológico e psicológico.
Para Thomas Hobbes, “os homens não tinham prazer algum na companhia uns dos outros”¹ . Nesse caso os homens se submetem aos grupos unicamente por necessidades. De modo que na natureza do homem encontra a competição, a desconfiança e o medo. Os primeiros homens usavam a violência para se tornarem senhores das pessoas, mulheres, filhos e rebanhos. Hobbes diferentemente de Rousseau que entendia o homem no estado de natureza como “o bom selvagem”, e só seria corrompido mais tarde pela posse da propriedade privada; dizia que o homem que estava no estado de natureza estava em guerra. Mas, os dois, assim como John Locke, entendiam que o estado de natureza é o estado dos direitos naturais, onde o homem tem o direito de sobreviver e de tentar fazer com que triunfem suas opiniões e também o direito de proteger sua propriedade. Locke legitima a criação de um corpo de juízes pelas leis da natureza. “O estado de natureza é o ponto de partida, o ponto de chegada é o estado civil e o meio através do qual ocorre a passagem de um para outro é o contrato social”² Para dar legitimidade ao contrário é preciso que todos concordem em unir-se numa sociedade. O homem se abdica, em favor da maioria, para dar poder necessário à realização dos fins para os quais se uniram em sociedade.
Num jogo de futebol é preciso que haja cooperação para que possamos vencer o adversário, mas também temos que ser competitivos com os nossos companheiros porque poderemos perder o lugar para o reserva, ou perder com o rebaixamento do próprio salário. O capitalismo faz com que sejamos cada vez mais preocupados com as vitórias que ele nos oferece. Então temos que ser expertos na hora de decidir se temos que cooperar ou competir. Tornamos-nos cada vez mais propensos à disputa. As informações nos orientam ao consumo exacerbado. Destruímos a nos mesmos com desgastes psicológicos, o estresse, por exemplo, e ao planeta, desmatando e poluindo.
Schopenhauer considera que os atos humanos não são livres, mas estão submetidos à necessidade, já que cada ação isolada segue o motivo que a determina. “Aquilo que para cada homem é seu caráter infundado, pressuposto em qualquer explanação de seus atos a partir de motivos, é para cada corpo orgânico precisamente sua qualidade essencial”³ . Podemos prever o que um homem de determinado caráter fará, mas não poderemos dizer por que ele tem aquele caráter. O que podemos fazer para amenizar a competição e aumentar a cooperação é criar um mundo diferente deste que vivemos. O socialismo é a única opção, temos que nos educar para mudar nossa maneira de produzir e reproduzir nossa existência no planeta.
¹Hobbes, Thomas: Leviatã, ou matéria, forma e poder de uma república eclesiástica e civil. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p.108.
²BOBBIO, Norberto e BOVERO, Michelangelo. Sociedade e Estado na filosofia política moderna. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 49.
³SCHOPENHAUER, Arthur: O Mundo como Vontade e como Representação. São Paulo: UNESP, 2005, p. 185.

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