sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O QUARTO PODER.

Quando dom Pedro I outorgou a primeira Constituição brasileira, ele inventou o quarto poder, o poder moderador. Esse poder cabia ao imperador que podia decidir em favor do que ele entendia melhor, ou seja, era um poder muito forte.
O sistema político ocidental moderno é marcado pela divisão do antigo poder absolutista dos reis em três: legislativo, executivo e judiciário. O legislativo cria as leis, o executivo as executa e o judiciário zela pelo correto cumprimento das leis. Mas no Brasil ainda continuamos com o quarto poder, que foi assumido pelos meios de comunicação.
Fernando Collor era completamente desconhecido pela grande maioria da população brasileira quando foi apresentado pela mídia como caçador de marajás. Estava decidido, ele seria o presidente do país. Mas, Collor não satisfez o interesse dos meios de comunicação, que por isso resolveu destituí-lo do cargo, e para isso convocou os “caras- pintadas”. Assim durante toda a história do Brasil ”independente” tivemos as indústrias da informação trabalhando para o seu próprio interesse.
No meio do século passado Carlos Lacerda monopolizou os meios de comunicação do Rio de janeiro e assim conseguiu derrubar vários presidentes da República do Brasil. Para conseguir seu intento, Lacerda priorizava e distorcia os fatos. A mídia (palavra derivada de mediano e medíocre) pretende ser o quarto poder para dominar a massa acrítica ao seu bel prazer.
Existe no Brasil hoje uma corporação midiática que pretende continuar com o quarto poder nas mãos. Essa indústria da informação apresenta as notícias de modo parcial. Quando sai uma notícia de denúncia na Veja, ela é repetida várias vezes pelas emissoras de televisão e os deputados e senadores (legislativo) vão ao congresso com suas manchetes debaixo do braço. As chamadas CPIs (comissão parlamentar de inquérito) obedecem rigorosamente às denúncias apresentadas pelos jornais, deixando de preocupar com possíveis outras ilicitudes. Observa-se uma imensurável parcialidade que olha os fatos de uma perspectiva unilateral, sempre privilegiando determinados grupos políticos.
Se nós brasileiros quisermos uma democracia para todos, temos que acabar com o quarto poder. O julgamento méritoso dos fatos deve caber único e exclusivamente ao povo. A mídia deve cumprir seu papel informativo e imparcial. Não votamos no quarto poder, não autorizamos concessões dos meios de comunicação e temos dúvidas de como vão facilmente parar em determinadas mãos. Se quisermos uma verdadeira democracia no Brasil temos que também democratizar os meios de comunicações. Este modelo midiático é injusto e caótico, só contribui para a continuação da miséria e o crescimento da violência no nosso país. Aliás, é principalmente alimentado pela indústria da violência.

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