quinta-feira, 29 de setembro de 2016

PLANO DE AULA: SARTRE


Roteiro da aula: O SER E O NADA.
                                                              "Só as coisas são: não tem senão   exteriores consciências não são: fazem-se”. *               

1.0. O SER E O NADA. A principal obra de Sartre é O ser e o nada, publicada em 1943.  “Nessa obra ele ataca a teoria de Aristóteles da potência”. (COTRIM. 2013, p.309). Para Sartre o ser é o que é, mas o ser humano é o ente para si, é um espaço aberto, um nada. O nosso corpo é ser em si, a consciência é
um vazio que possibilita a mudança do ser e possibilidade de escolhas. A consciência (para-si)
constata que a consciência posicional não pode ser consciência posicional de si mesma. A consciência interroga a si mesma numa atitude de reflexão (voltar-se para si mesmo). A consciência ao colocar-se como objeto, nadifica seu ser. A consciência é cheia de nada e nesse sentido como aquilo que é o que não
é, e não é o que é, a consciência humana é nada. A consciência é posicional e define-se pela intencionalidade. A intencionalidade traz o fato de o mundo estar fora da consciência, ou que ela é sempre falta. Toda consciência, mostrou Husserl, é consciência de alguma coisa. Significa que não há consciência que não seja posicionamento de um objeto transcendente, ou, se preferirmos, que a consciência não tem "conteúdo". Uma mesa não está na consciência, sequer a título de representação. Uma mesa está no espaço, junto à janela, etc. Toda consciência é posicional na medida em que se
transcende para alcançar um objeto, e ela esgota-se nesta posição mesma: tudo quanto há de intenção na minha consciência atual está dirigido para o exterior, para a mesa. Portanto, a presença da consciência diante de si instaura a distância de si com relação a si mesma, distância esta, definida como nada de ser. Dizer que a consciência vem do nada significa que: “1° nada é causa da consciência; 2° ela é causa de sua própria maneira de ser” (SARTRE, 1997, 27).

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

OS MEUS EUS.


Possuímos vários eus que correspondem às nossas diferentes personalidades. Às vezes queremos e ao
mesmo tempo não queremos uma mesma coisa. A indecisão e dificuldade em escolher é resultado dos nossos diversos eus. A maioria dos pensadores destacam apenas dois eus, ou seja, uma paixão e uma razão. O agir seria dirigido por um lado pelos impulsos concupiscentes e do outro pela moderação, resultado de um pensar reflexivo.
        Para Platão  esta dualidade é representada por dois cavalos, um cavalo branco que protagoniza a razão e um preto a paixão. A carroça da nossa vida está presa por esses dois cavalos. Quando a razão é vencedora, o cavalo branco está mais forte; quando é a paixão, o cavalo preto está puxando com mais vigor. Platão considera a sabedoria como ápice da felicidade, se conheço faço a escolha certa. Portanto só o branco pode me trazer felicidade.
        Hume afirmou que a razão sozinha não é capaz de agir. A paixão é que nos impulsiona para atingir o objeto do nosso desejo. Quando almejamos, queremos algo ou alguém, somos impelidos, e a partir daí, refletimos qual é a melhor maneira para conseguir suprir ou realizar essa paixão. A razão pela razão não busca nada é preciso a avidez. Mas não possuímos somente uma paixão, queremos concomitantemente muitas coisa às vezes conflitantes. Temos dúvidas entre escolher isso ou aquilo, e são às vezes tão terríveis que se escolhemos uma estaremos insatisfeitos, mas se escolhermos a outra estaremos insatisfeitos do mesmo modo. Como diria Sartre, "a liberdade nos condena a ter que fazer escolhas".
        A religião cristã acredita que somos orientados por dois entes opostos: o anjo da guarda e o demônio. O anjo procura nos proteger, enquanto o diabo quer nos seduzir utilizando de simulação, ou seja, nos tapeando. Nietzsche compreende a personalidade humana como a soma de vários eus, ou variadas paixões. Todos esses desejos são um dilema que carregamos sobre os ombros. Temos necessidades de nos sentirmos queridos e também de querer outra pessoa. Também necessitamos de bem estar físico, sentir prazer através dos sentidos. Prazer espiritual através dos pensamentos reflexivos e contemplativos. Precisamos de nos sentir importantes, ou seja, que os outros nos vejam com resignação ou inveja. Queremos acumular muitas coisas só para o nosso deleite mental.
        Percebemos o mundo de maneira dual, de um lado o bem do outro o mal, de um lado o microcosmos e do outro o macrocosmos. De um lado estou eu do outro o mundo. E nessa perspectivas vamos escolhendo os nossos caminhos, assim como num computador, de maneira dicotômica. Como podemos convencer um eu que quer algo que prejudica aos demais eus que habitam em mim? Essa é a verdadeira arte da vida.