A ideia de golpe para derrubar a presidenta
Dilma surge com as manifestações do passe livre. Arnaldo Jabor critica inadvertidamente
e peremptoriamente um movimento apoiado pela Globo, em 13/06/2013, os manifestos
do “Movimento Passe Livre” que ele disse ser de classe média, que não eram usuários
de ônibus, que estavam baseados na ideologia socialista e que “tinha a cara de
anarquismo inútil”. No dia seguinte no Jornal da Globo, em 14/06/2013, pouco
mais de vinte horas, ele pede desculpas e diz que o movimento era legítimo, que
era: “uma força política original, até mais rica do que os cara pintadas”,
referindo ao movimento de rua que contribuiu para derrubar o governo Collor.
Certamente ele foi repreendido pela emissora que participa da divulgação dessa
e de outras organizações financiadas pelos norte-americanos para desestabilizar
o governo Dilma. As manifestações aconteceram depois que Joe Biden, vice de
Barack Obama, veio ao Brasil e discutiu com Dilma problemas energéticos e sobre
o Pré-sal chegando a visitar uma unidade da Petrobrás no Rio de Janeiro. Os
Estados Unidos não estão satisfeitos desde que Lula criou o Regime de Partilha
para beneficiar o povo brasileiro, principalmente com recursos direcionados para
a educação. Assim, não só grampearam a Dilma, mas também a Petrobrás.
As manifestações que eram para atingir
o governo Alckmin, acertam e derrubam a aprovação do governo Dilma de 70% para
30% de popularidade, em poucos dias. Aparece na internet e mais precisamente nas
redes sociais um ódio fomentado por imagens e frases de efeito. As mobilizações
desde 2013 passaram a ter uma parceria com um instrumento novo nas redes,
principalmente o Watsapp, as comunicações passam a ser corroboradas com imagens
sugestivas e afirmações falsas, mas que acabam sendo tidas como verdadeiras por
falta de apuração. Os xingamentos e criações pejorativas preparam um ambiente
para o aparecimento de um ódio virtual que se propaga em velocidades
inimagináveis. Os internautas se informam pictoricamente e com frases curtas,
que geralmente deixam sugerir algo pior. Frente ao monitor o internauta
sente-se poderoso e protegido. Comunicam-se de maneira conspirativa e agressiva
o seu lado demoníaco e anti-petista. Rir e caçoar dos mais fracos, das minorias
sexuais e raciais, descarregando sobre estes uma raiva e um ódio canalizado. O
entusiasmo revoltoso parece ter nascido do julgamento do chamado Mensalão onde
a TV Senado transmitiu 53 sessões e a condenação de 25 pessoas e políticos ligados
ao PT. Ali nasce a ideia de ligar o PT com os irmãos metralhas do Gibi, com a
expressão Petralha. Joaquim Barbosa,
relator do processo, embebesse com o brilho e a popularidade que a TV fornece
aos apresentadores de programas midiáticos com auditórios, como se fosse um
apresentador como o Ratinho ou o Faustão. Isso acaba por fornecer combustível
para a gritaria contra o PT e alimentar o discurso de ódio: “vai para Cuba seu petralha”,
“vai para Venezuela seu bolivariano”.
Apesar de toda manifestação contra a
candidata do PT, nas eleições de 2014, Dilma ainda consegue ser reeleita, por
uma pequena margem de votos, ou seja, 5%. Terminada a apuração e constatada a
possibilidade do candidato do PSDB, Aécio Neves ter sido eleito, bateu o
desespero nos partidários e simpatizantes. Perdeu porque os nordestinos são
“burros”, os pobres não querem trabalhar e nem perder a “Bolsa Família”. O PSDB
entra com representação no STF contra a segurança das urnas, contra a contagem
dos votos e contra o julgamento das contas da presidenta.
Lembrando um político que derrubou
vários presidentes, Carlos Lacerda dizia contra Juscelino Kubitschek: “se ele
for candidato não ganha, se for eleito não toma posse, se tomar posse não
governa”. O PSDB parte decididamente para atrapalhar o governo da presidenta. O
Congresso não aprova nada que vir do Planalto, a imprensa cuida para que a
culpa de qualquer mazela seja atribuída a Dilma. Eduardo Cunha presidente da
Câmara Federal, acusado de corrupção faz chantagem contra a presidenta,
ameaçando aceitar uma representação de impeachment, se os deputados do PT não
votarem a seu favor no Conselho de Ética da Câmara. Como Dilma não curva à
chantagem de Cunha, ele aceita a representação do impeachment na Câmara. E
Dilma acaba por ser afastada das funções da presidência da República.